Commodities: Ouro, Petróleo e Outros Ativos Reais

Commodities: Ouro, Petróleo e Outros Ativos Reais

Em um cenário de incertezas econômicas e geopolíticas, os ativos reais voltaram ao centro das atenções. Este artigo analisa o desempenho de ouro, petróleo e outros metais em 2025, oferecendo insights práticos e inspiradores para decisões financeiras.

Seção Ouro

O ouro registrou no ano de 2025 uma alta acumulada de quase 40% de valorização até setembro, repetindo a maior valorização anual desde 1979. Em outubro de 2024, o preço ultrapassou US$ 2.700 por onça e, em 08 de outubro de 2025, superou a barreira dos US$ 4.000 pela primeira vez. Em 12 de dezembro de 2025, cotou-se a US$ 4.297,29, com alta de 0,40% no dia e 3,04% no mês.

Esse comportamento se explica por uma série de fatores interligados, refletindo tanto a dinâmica macroeconômica quanto eventos globais. O ouro voltou a ser enxergado como um porto seguro em instabilidade e uma forma eficaz de proteção contra a inflação.

  • Fatores econômicos: fraqueza do dólar, juros em queda real e inflação persistente.
  • Fatores geopolíticos: tensões no Oriente Médio e confronto Rússia-Ucrânia.
  • Demanda institucional: bancos centrais ampliaram significativamente suas reservas.
  • Produção e consumo: destaque para Índia e Brasil, grandes produtores e consumidores.

As projeções de grandes instituições financeiras indicam continuidade do viés altista. O Goldman Sachs espera que o metal atinja US$ 3.700 no fim de 2025 e US$ 4.000 em meados de 2026, enquanto o Citi projeta US$ 2.900 ao final de 2025. O consenso aponta para valores acima de US$ 3.000 nos próximos cinco anos, caso os bancos centrais mantenham seu ritmo de compras.

Seção Petróleo

Em contraste com o ouro, o petróleo tem sofrido com excesso de oferta global e demanda mais fraca. O Brent negociou entre US$ 60 e US$ 70 por barril em 2025, em queda em relação à média de US$ 70-90 de 2024. Em novembro, o Brent ficou em US$ 64 e, em 12 de dezembro, o contrato de petróleo bruto recuou para US$ 57,51.

O WTI seguiu trajetória semelhante, chegando a US$ 57,35 em outubro de 2025. As expectativas divergem apenas levemente entre agências, mas o consenso aponta queda gradual em 2026, com faixas entre US$ 44 e US$ 67.

  • Oferta superior à demanda: produção excedente e estoques em alta.
  • Demanda enfraquecida: baixo crescimento econômico e transição energética.
  • Geopolítica moderada: tensões não compensam abundância de oferta.

Apesar de ataques a refinarias russas e sanções, o mercado permanece cada vez mais ofertado. O OPEP+ retomou cortes suaves, mas o ritmo de extração de EUA e Rússia neutraliza qualquer redução significativa.

Outros Ativos Reais

Além de ouro e petróleo, outros metais e commodities têm atraído investimentos como hedge. Alumínio, platina, paládio, estanho e níquel registraram altas impulsionadas por tarifas dos EUA (Seção 232) e demanda nos setores de energia e tecnologia.

  • Alumínio: escassez de capacidade na China e forte demanda industrial.
  • Platina e paládio: preocupações com oferta e uso em catalisadores automotivos.
  • Estanho e níquel: estoques em retração e aplicações em baterias.

O gás natural, embora relevante, enfrentou dificuldades de oferta e logística, limitando sua participação nos portfólios de proteção patrimonial.

Riscos e Oportunidades

Investir em commodities exige avaliação cuidadosa de cenários e diversificação. O ouro depende da continuidade das compras dos bancos centrais e de pressões inflacionárias. O petróleo pode surpreender com novos cortes de oferta ou retomada de demanda caso a economia mundial acelere.

Para outros metais, os riscos estão ligados à política comercial dos EUA e à capacidade de recuperação das cadeias de suprimentos. Por outro lado, quem consegue antecipar gargalos produtivos pode obter ganhos relevantes.

Abaixo, uma visão resumida dos principais indicadores de 2025:

Conclusão

O ano de 2025 consolidou o ouro como principal ativo real, elevando seu papel de reserva de valor. O petróleo, por outro lado, entrou em zona de oferta abundante e demanda moderada, pressionando preços. Outros metais complementam portfólios, sobretudo na transição para energia limpa.

Equilibrar riscos e oportunidades requer análise contínua de cenários macroeconômicos, geopolíticos e setoriais. A diversificação em ativos reais continua sendo uma estratégia sólida para proteger o patrimônio contra a volatilidade global.

Por Maryella Faratro

Maryella Faratro