Open Finance: O Que Muda para o Seu Dinheiro?

Open Finance: O Que Muda para o Seu Dinheiro?

O Open Finance representa uma revolução na forma como lidamos com nossas finanças. Ao permitir o compartilhamento controlado de dados, essa evolução do Open Banking coloca o consumidor no centro do sistema, com autonomia total sobre suas informações e uma visão holística de todas as contas.

Definição e Conceito Central do Open Finance

O Open Finance é a próxima etapa do Open Banking, criando um verdadeiro hub digital ou shopping center financeiro. Nele, o usuário autoriza instituições a acessar dados cadastrais, movimentações, operações de cartão, crédito e investimentos.

O princípio fundamental é simples: dados pertencem ao cliente, não ao banco. Isso inverte a lógica tradicional, promovendo autonomia e competitividade contínua no mercado financeiro.

Evolução Histórica e Fases de Implementação

O movimento começou em fevereiro de 2021, quando o Banco Central (BC) reconheceu formalmente o Open Banking. Desde então, o sistema passou por quatro fases principais:

  • Compartilhamento de dados básicos;
  • Expansão do escopo de dados e instituições participantes;
  • Iniciação de pagamentos sem redirecionamento;
  • Propostas de crédito automatizadas.

Em 2024, tornou-se obrigatório para instituições com mais de 5 milhões de clientes, abrangendo 95% dos relacionamentos financeiros no país. A governança consolidou-se com um CNPJ exclusivo e dez assentos de entidades como Febraban, ABBC e AbFintechs.

O futuro inclui portabilidade de salário, crédito e investimentos, além de regulamentações de parcerias para 2025-2026. O Pix por aproximação será liberado em fevereiro de 2025, ampliando ainda mais o leque de serviços.

Como Funciona na Prática

O processo é simples, mas seguro. Primeiro, o cliente concede consentimento registrado e auditável por meio do app de seu banco ou fintech. Esse consentimento tem validade limitada e pode ser revogado a qualquer momento.

As trocas de informação ocorrem por meio de APIs padronizadas para fluxo de dados. Bancos, fintechs, corretoras, cooperativas e plataformas de investimento acessam apenas o que foi autorizado.

Na governança, o BC, a CVM e entidades do setor monitoram o cumprimento das regras. Instituições com menos de 500 mil clientes podem optar pela iniciação de pagamentos de forma facultativa, mas devem compartilhar dados se desejarem participar do ecossistema.

Imagine um painel único exibindo saldos, contas a pagar e a receber, simulações de crédito em diferentes bancos e a contratação de seguros sem sair de um único ambiente digital.

Benefícios e Exemplos Concretos

O Open Finance traz vantagens reais tanto para pessoas físicas quanto para empresas. Entre as principais, destacam-se:

  • Ofertas personalizadas e competitivas, pois bancos disputam sua preferência;
  • Comparação de taxas de juros e produtos de investimento em tempo real;
  • Iniciação de pagamentos sem redirecionamentos, garantindo agilidade;
  • Simulações de crédito com base em histórico completo, incluindo dados antigos;
  • Gestão integrada de todas as contas, facilitando orçamento e controle.

Por exemplo, um cliente pode solicitar um empréstimo e receber propostas de múltiplas instituições em segundos, aproveitando taxas de juros menores e prazos mais longos.

Números e Estatísticas Chave

Até 2025, o ecossistema já contabiliza mais de 46 milhões de consentimentos ativos e cerca de 80 milhões de contas conectadas, incluindo quase 1 milhão de pessoas jurídicas.

Com 95% dos relacionamentos financeiros cobertos por participantes obrigatórios, o Open Finance alcançou ampla adoção, demonstrando seu impacto imediato no mercado.

Comparativo: Pessoa Física x Pessoa Jurídica

Regulamentações Recentes e Futuras

A Resolução Conjunta nº 6 ampliou o guarda-chuva regulatório para prevenção de fraudes, cobrindo incidentes cibernéticos. Novas regras definem parcerias, nomenclatura de instituições e ajustam o capital mínimo.

A partir de 31 de julho de 2024, a Jornada de Pagamentos Sem Redirecionamento (JSR) está disponível, eliminando etapas desnecessárias e aumentando a eficiência.

O Banco Central revisita periodicamente as normas para acompanhar a maturidade do ecossistema, monitorando SLAs, conversões e disponibilidade das APIs.

Riscos e Medidas de Segurança

Apesar dos benefícios, existem riscos de uso indevido de dados. O BC planeja regulamentações adicionais para mitigar essas ameaças fora do ambiente regulado.

Atualmente, as APIs seguem protocolos de segurança avançados, com consentimento auditável e combate estruturado a fraudes por meio de compartilhamento de incidentes entre instituições.

O aprimoramento contínuo das regras e a transparência reforçam a confiança dos clientes no sistema.

Conclusão: Empoderamento e Autonomia

O Open Finance rompe barreiras tradicionais e coloca o usuário no comando de suas finanças. Com segurança e transparência máximas, o consumidor acessa serviços melhores e mais baratos.

À medida que o ecossistema avança, veremos novas funcionalidades, como portabilidade de salário e crédito, além de soluções completas para empresas. O futuro financeiro é aberto, colaborativo e centrado em você.

Por Maryella Faratro

Maryella Faratro